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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Arys, ele está morto. Eu bem sei, pois sinto a sua podridão em mim. Ele permanece aqui, decompondo-se. Sente o cheiro? É incômodo, eu sei.
Brutalmente assassinado! Eu vi tudo isso acontecer sem fazer nada. Também, o que podia ser feito? Não havia nada que nós pudéssemos fazer.
Eu tento imitá-lo, hoje. Tento ser a pessoa boa que, como te disseram, ele costumava ser. Pensei que eu estava conseguindo imitar essa bondade, mas tudo indica que não. Desaprendi o que é ser bom.
ELE ESTÁ MORTO, e junto com ele muitas coisas morreram. Acredite em mim, eu não quis matá-lo. Escuta: Envenenaram-no e eu o vi agonizar. Nada podia fazer por ele se não matá-lo, acabar com todo aquele sofrimento. Mas, Ary´s ,ninguém me falou sobre a maldição. Matar a si não traz alívio algum, é até pior. Vê? Hoje sou o que não gostariam que eu fosse e ainda carrego aquela dor que ele sentia.
" Não vale a pena tentar ajudá-lo", alguém te disse, né? Mas eu não pedi ajuda, não mais. A hora da ajuda acabou, não há socorro para os mortos. Talvez eu seja o meu zumbi. Vago por aí me alimentando das coisas podres do mundo dos vivos. Desejo também a carne humana.
Arys, um dia eu tomo coragem e me enterro.

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