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domingo, 10 de julho de 2011

Há noites em que a noite, apesar da lua
das estrelas, das lâmpadas, dos neons de bordeis e boates
é mais escura, então sou coberto pelo frio
e tateio dentro de mim buscando alguma coisa que me aqueça,
que ilumine a estrada tortuosa de cacos humanos em que caminho, descalço.

Há noites em que ando pela cidade, sozinho
vejo o meu reflexo estranho nas portas de vidro das lojas
meus olhos se encontram, minhas bocas permanecem mortas
e tão logo me vou
mas deixo a certeza de que não sou tão só quanto pareço.

Há noites em que viajo
e tranco na mala a realidade
subo no trem e sigo pela trilha do silêncio
despindo-me de vagão em vagão
amando de poltrona em poltrona cada amor que nunca amei
ouvindo as palavras que nunca ouvi
com as janelas fechadas para não ver a paisagem do mundo
mas elas se abrem e eu caio, fico para trás
então sei que estou no mesmo lugar, preso
na mala vida.





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