O passado está em meus olhos como uma lente permanente, ofuscando o presente. Se mal vejo o presente, quem dirá o futuro.
Quero me agarrar ao que se foi. Não quero apenas ver, quero reVIVER. Esse meu querer é irracional, mas é o que me resta: querer...
Ó lente... Tropeço no presente, caio, levanto-me e continuo trôpego, sem rumo. Sei que vou cair no grande buraco escuro lá na frente, no futuro. Talvez eu não levante. Se levantar, será para outras quedas. Há queda maior do que a do sonho no chão concreto, duro, inexorável da realidade? Deixem-me entrecego. Quero conservar até o último tombo o passado em meus olhos. Quero permanecer com as cortinas fechadas, escurecendo tudo, tendo pra mim aquelas imagens... Como num cinema eterno.
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